terça-feira, 30 de junho de 2009

REPRESSÃO SEXUAL





Os prejuízos da repressão sexual

Para Freud, o sofrimento humano tem três origens: a força superior da natureza, a fragilidade dos nossos corpos e a inadequação das normas que regulam as relações mútuas dos indivíduos na família, no Estado e na sociedade.

O filósofo Bertrand Russel vê na repressão sexual graves prejuízos para a humanidade. A doutrina de que há no sexo algo pecaminoso é totalmente inadequada, causando sofrimentos que se iniciam na infância e continuam pela vida afora. Ele acredita que mantendo numa prisão o amor sexual, a moral convencional concorreu para aprisionar todas as outras formas de sentimento amistoso, e para tornar os homens menos generosos, menos bondosos, mais arrogantes e mais cruéis.

Reich considera que as enfermidades psíquicas são a conseqüência do caos sexual da sociedade, já que a saúde mental depende da potência orgástica, isto é, do ponto até o qual o indivíduo pode se entregar e experimentar o clímax de excitação no ato sexual.

Para ele, o homem alienou-se a si mesmo da vida e cresceu hostil a ela. Sua estrutura de caráter - refletindo uma cultura patriarcal milenar - é encouraçada, contrariando sua própria natureza interior e contra a miséria social que o rodeia. Essa couraça de caráter seria a base do isolamento, do desejo de autoridade, do medo à responsabilidade, do anseio místico e da miséria sexual.

A unidade entre natureza e cultura continuará a ser um sonho enquanto o homem continuar a condenar a exigência biológica de satisfação sexual natural (orgástica). Numa existência humana ainda sujeita a condições sociais caóticas, prevalecerá a destruição da vida pela educação coerciva e pela guerra.

O homem é a única espécie que não satisfaz à lei natural da sexualidade. A morte de milhões de pessoas na guerra seria o resultado da negação social da vida, que por sua vez seria expressão e conseqüência de perturbações psíquicas e somáticas da atividade vital. "O processo sexual, isto é, o processo expansivo do prazer biológico é o prazer vital produtivo per se", diz Reich.

O neuropsicólogo James W. Prescott, do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano, de Maryland, EUA, publicou em 1975 o resultado estatístico da análise de quatrocentas sociedades pré-industriais e comprovou algumas teses de Reich sobre o desenvolvimento humano e social. Ele concluiu que aquelas culturas que dão muito afeto físico a seus filhos e que não reprimem a atividade sexual de seus adolescentes são culturas pouco inclinadas à violência, à escravidão, à religião organizada - e vice-versa.

Prescott afirma que uma personalidade orientada para o prazer raramente exibe condutas violentas ou agressivas e que uma personalidade violenta tem pouca capacidade para tolerar, experimentar ou gozar atividades sensualmente prazerosas.






Como a repressão se instala nas pessoas

A repressão sexual é um fenômeno curioso, na medida em que algo meramente biológico e natural sofre modificações quanto ao seu sentido, à sua função e à sua regulação quando é deslocado do plano da Natureza para o da Sociedade, da Cultura e da História. Entretanto, a repressão não é apenas algo que vem de fora, submetendo as pessoas. As proibições e interdições externas são interiorizadas, convertendo-se em proibições e interdições internas, vividas sob a forma de vergonha e culpa.

Marilena Chauí, em seu livro Repressão Sexual, considera que a repressão sexual será tanto mais eficaz quanto mais conseguir ocultar, dissimular e disfarçar o caráter sexual daquilo que está sendo reprimido. Nossos sentimentos poderão ser disfarçados, ocultados ou dissimulados, desde que percebidos ou sentidos como incompatíveis com as normas, os valores e as regras da nossa sociedade.

Quando a repressão é bem-sucedida, já não é sentida como tal e a aceitação ou recusa por um determinado tipo de comportamento é vivido como se fosse uma escolha livre da própria pessoa.

Por que tanta repressão?

O sexo, como os demais elementos da condição humana, sempre foi usado para o controle dos povos por suas elites políticas. Como fonte de prazer, o sexo dos escravos pertenceu sempre aos seus proprietários. Sendo o escravo uma res (coisa, em latim) ele era objeto de uso de seu senhor. Essa é mais antiga e, até nossos dias, a mais praticada repressão que o sexo sofre: a sua reificação, coisificação.

Sendo a via natural da reprodução humana, o sexo é reprimido com a dupla função: controlar o prazer e os lucros dele provenientes através da industria do erotismo e da pornografia, e manter sob vigilância as proles, a natalidade, os exércitos de reserva para o trabalho e a guerra, e a mulher.Por que tanta repressão?

O sexo, como os demais elementos da condição humana, sempre foi usado para o controle dos povos por suas elites políticas. Como fonte de prazer, o sexo dos escravos pertenceu sempre aos seus proprietários. Sendo o escravo uma res (coisa, em latim) ele era objeto de uso de seu senhor. Essa é mais antiga e, até nossos dias, a mais praticada repressão que o sexo sofre: a sua reificação, coisificação.

Sendo a via natural da reprodução humana, o sexo é reprimido com a dupla função: controlar o prazer e os lucros dele provenientes através da industria do erotismo e da pornografia, e manter sob vigilância as proles, a natalidade, os exércitos de reserva para o trabalho e a guerra, e a mulher.